Geração Distribuída é a solução para o setor de energia?

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Reservatórios de água mais escassos e riscos de apagões são preocupações reais do setor

A EPE (Empresa de Pesquisa Energética) tem como objetivo realizar estudos e pesquisas para o planejamento do setor energético. Há previsões para todos os gostos: diárias, semanais, mensais, anuais, e até para cenários mais amplos, de dez e até cinquenta anos à frente. Mas você sabe o que está por vir? O cenário é bastante desafiador para o Brasil. A boa notícia é que parte da solução é viável caso a geração distribuída de energia continue a ganhar força. Ou seja, a saída está na geração de energia no centro de carga, na qual o consumidor final pode gerar a sua própria energia.

A matriz energética brasileira ainda é dominada pela geração hídrica em grandes hidrelétricas. Porém, a complexidade do setor, aliada a outras dificuldades – por exemplo, para obter licenças ambientais –, e a consequente necessidade de diversificação através de outras fontes e soluções energéticas, tendem a impulsionar a geração distribuída. A GD, como é chamada, se caracteriza pela geração de energia elétrica na própria instalação do consumidor por meio de geradores de energia elétrica, podendo utilizar gás ou diesel como combustível, painéis fotovoltaicos e até pequenas torres eólicas.

No caso dos geradores de energia elétrica a gás, a instalação permite automatizar a operação, seja identificando interrupções no fornecimento de energia pela concessionária, seja programando horários especiais de funcionamento – nos horários de ponta a energia tende a se tornar mais cara. Com esse tipo de geração, além de se protegerem contra possíveis apagões, os consumidores também conseguem economizar no custo da energia, aumentando a eficiência de sua operação.

Obviamente, as grandes usinas hidrelétricas não vão parar, e nem podem. Apenas haverá maior espaço para outros modelos de negócio, como a utilização do gás natural e biogás como fontes de energia, que permitem acionar o gerador em horários programados, aliviando a carga do sistema – diferente das fontes de energia eólica e solar, que são intermitentes e necessitam de condições climáticas favoráveis. Em alguns momentos, essas fontes não conseguem suprir a carência de energia.

Que carência de energia é essa? E, afinal, qual é o tal cenário?

O nome causa até arrepios nos brasileiros: apagão. Não vamos entrar no mérito dos tais planejamentos a curto e longo prazo, somente explicaremos o que se passa no país em relação ao consumo de energia e aos reservatórios de água, que estão bem abaixo do necessário. Entre outras palavras, falta chuva – e muita.

No início de novembro de 2017, dados mostravam que a água armazenada no Sudeste do país estava em apenas 17,7%, sendo que ela corresponde a 70% da capacidade nacional de acumulação. O Nordeste, que corresponde a 17,8%, estava trabalhando com apenas 6%. Apesar de uma recuperação recente, ainda estamos longe do ideal.

A situação só não é mais crítica porque o país passou por crises econômicas e políticas recentemente, o que levou a população e as empresas a uma redução no consumo de energia. Entretanto, na contramão disso, a população continua a aumentar, e os índices sugerem uma leve melhora no bolso do brasileiro. E agora, esperamos pelo pior ou buscamos soluções?

Ao contrário de outros sistemas de redes, como o saneamento, a energia elétrica não é armazenada de forma economicamente viável, ou seja, há necessidade constante de se manter equilíbrio entre oferta e demanda. Quando essa relação desequilibra, o sistema passa a correr risco de desligamento em cascata, o apagão. A preocupação é que este desequilíbrio possa ocorrer a qualquer hora em algumas regiões do país por conta do aumento das temperaturas e aumento no consumo. Afinal, a economia precisa crescer, e mesmo neste cenário de depressão, estamos acima da demanda máxima de energia de 2016 e perto da demanda máxima de 2017. Isto é, temos a expectativa de ultrapassar a última demanda máxima registrada já em fevereiro 2018. E, para piorar, como falamos, os reservatórios não estão nos níveis ideais, as termoelétricas estão sucateadas, necessitando de manutenções, e a intermitência da energia eólica gera uma baixa eficiência para o sistema, ou seja, a atual matriz elétrica brasileira não garante um fornecimento de energia estável caso o consumo de energia do país aumente significativamente.

Sim, os riscos são reais, a preocupação é constante, mas parte da solução envolve adotar novas formas de gerar energia que possam suportar a alta demanda energética proveniente do parque industrial do país. Nesse cenário, acompanhar as mudanças do setor energético e buscar alternativas (geração distribuída) são iniciativas salutares e recomendáveis para que as empresas não parem por causa de possíveis apagões. Mesmo diante de um cenário nebuloso, ninguém precisa lidar com os fantasmas do passado.